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Insuficiência cardíaca: diagnóstico precoce dita qualidade de vida

Insuficiência cardíaca: diagnóstico precoce dita qualidade de vida

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A importância do diagnóstico precoce de insuficiência cardíaca (IC) para (con)viver com a doença é um dos pontos-chave do podcast de Fevereiro da APIFARMA. Participaram nesta edição de “Pela sua Saúde” Maria José Rebocho, médica cardiologista e membro do conselho técnico científico da AADIC – Associação de Apoio aos Doentes com IC, e Ana Paula Vital, que foi diagnosticada com IC em 2017.

Considerada um problema crescente de saúde pública no mundo e em Portugal, a IC atinge, em todo o mundo, cerca de 26 milhões de pessoas. Em Portugal, vivem com esta doença aproximadamente 400 mil pessoas.

Quando questionada sobre a existência de noção por parte da população em geral sobre esta patologia, Maria José Rebocho afirma que “só existe [essa noção] naqueles que sofrem e entre os médicos”. Diz que “a população não está muito alertada”, razão pela qual foi realizada uma campanha de sensibilização sobre os sinais de alarme da IC. “As pessoas cansam-se mais e pensam que é da idade. Não vão ao médico, não têm o diagnóstico e por isso não fazem a terapêutica”, destaca e sublinha que “a IC é uma doença crónica que não tem cura, mas tem tratamento que aumenta a qualidade de vida”. A médica indica ainda alguns dados europeus: “A IC é muito pouco prevalente nos jovens, atinge 7% da população a partir dos 74 aos 84 anos. Acima dos 85 anos atinge 15%.”
Em Maio de 2017, quando Ana Paula Vital sofreu um enfarte, estavam a ser preparados os estatutos da AADIC. Tinha 51 anos. “Aos 18 anos tive um evento e soube que tinha um prolapso da válvula mitral. Fazia ecocardiogramas com regularidade. Estava sempre com alguma atenção”, comenta e diz que a partir de uma determinada altura começou a sentir cansaço extremo e, para além de outros sintomas, “tinha os pés inchados”. Não se esquece que no dia 5 de Maio teve “uns sintomas estranhos” enquanto se dirigia para um seminário, em que já não participou. “No dia 7, fui ao hospital já com vómitos, enjoos e dor nas costas. Era um enfarte.”

Maria José Rebocho refere que os médicos chegam ao diagnóstico através de exames e que para as pessoas “não é fácil” despistar os sintomas. Porém, adverte que “convém actuar numa hora, para não haver lesão nenhuma. Chama-se a ‘hora de ouro’. Mais tarde, o quadro pode ser irreversível”.

Neste sentido, relativamente aos cuidados de saúde primários (CSP), a médica considera que têm “capacidade de fazer um diagnóstico depois de alguns exames e interrogatório”, mas “ainda não há autorização para realizar no âmbito do CSP um exame em que é feita a distinção entre a falta de ar de origem respiratória e a falta de ar de origem cardíaca”.
Ana Paula Vital diz que tem aspectos positivos a apontar, referindo que sempre teve um bom acompanhamento médico, destaca a reabilitação cardíaca por ser “muito importante”, mas realizada em “poucos serviços”.

Para Maria José Rebocho, a pessoa que vive com IC “não pode transformar-se em vítima. Deve educar-se e procurar informação, por exemplo no site da AADIC”. Ana Paula Vital corrobora e afirma que a troca de experiências e o mútuo apoio ajuda a “andar para a frente” e a viver com positivismo. “No meu caso procurei uma associação. A IC é uma companhia nova para o resto da vida.”
A médica cardiologista terminou fazendo referência ao importante papel dos testes in vitro para o diagnóstico precoce. “Ajudaria muito no diagnóstico precoce se os CSP pudessem fazer a análise que já referi. Regra geral, o diagnóstico da IC é feito numa ida às urgências hospitalares”, menciona e avança que “está a decorrer o estudo Porthos com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a Nova Medical School, com o apoio da AstraZeneca. É um estudo observacional de prevalência de IC”.

O investimento em diagnóstico permite que os doentes tenham uma maior qualidade de vida, assim como uma melhor gestão dos serviços de saúde.

Ouça este e todos os podcasts na íntegra aqui.