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Aumento dos custos de produção da Indústria Farmacêutica

Aumento dos custos de produção da Indústria Farmacêutica

A invasão da Ucrânia agravou a tendência, já registada nos últimos anos, de aumento dos custos de produção da Indústria Farmacêutica.

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A invasão da Ucrânia agravou a tendência, já registada nos últimos anos, de aumento dos custos de produção da Indústria Farmacêutica. E, como explicam os convidados do podcast “Pela Sua Saúde” da APIFARMA, ao contrário de outras actividades económicas, os crescentes encargos com a produção e distribuição de produtos farmacêuticos não podem ser compensados pela fixação em alta do preço de venda ao público.

 

José Manuel Zorro, professor no ISEG, lembra as conclusões do estudo desenvolvido para a APIFARMA, no final do ano passado, em que já se verificava um aumento acumulado de praticamente 30% dos custos unitários de matérias-primas, material de embalagem, energia, mão-de-obra, distribuição e outros, em especial no período compreendido entre 2017 e 2020. E que seriam agravados pelo segundo ano de incidência da pandemia e pela guerra na Ucrânia, acontecimento imprevisível que veio piorar o cenário de pressão nos custos.

 

Tendo em conta que “não é possível a Indústria Farmacêutica reflectir o aumento de custos no preço, porque há preços máximos estipulados [de medicamentos com receita e comparticipados], em Portugal e Europa, com base num referente internacional de países com poder de compra semelhante” e que as “revisões de preço têm sido no sentido de o baixar”, esta indústria está “apertada numa tenaz, com os custos a aumentar e os preços numa tendência decrescente”.

 

António Chaves Costa, vogal tesoureiro na APIFARMA e presidente do conselho de administração da Tecnifar, concorda com a avaliação. Quando a APIFARMA contratou o estudo já havia consciência de que “a pandemia tinha agravado custos. Agora, criou-se uma tempestade perfeita: em cima de um problema veio acrescer um problema maior”, constata, considerando ser “prematuro ter uma ideia clara de qual vai ser a dimensão dos impactos”.

 

O agravamento da pressão nos custos pode mesmo implicar que alguns medicamentos “poderão ser retirados do mercado porque não têm viabilidade económica”, alertou ainda. Para este responsável, este é um cenário que tem de “ser acautelado e debatido com as tutelas”, de forma a encontrar “mecanismos que não criem uma situação perversa”. Como solução para o problema, Chaves Costa avança a hipótese de avançar para “revisões excepcionais de preço – que teriam de ter um mecanismo compensatório, porque o acesso de todos os utentes tem de estar garantido”.

 

Feitas as contas, uma vez que “as pessoas vão continuar a ser tratadas e, provavelmente, com alternativas mais caras”, se tal não for acautelado, “o Estado não só não poupará, como gastará mais dinheiro se os produtos saírem do mercado”.

 

Ouça os podcasts na íntegra aqui.