Os desafios associados à inovação terapêutica foram um dos temas em discussão na conferência “Arterial: contrariar os números | Um debate fundamental sobre as doenças cérebro-cardiovasculares em Portugal”.
O evento, organizado pelo Jornal Observador com o apoio da Novartis aconteceu ontem, 17 de Novembro, no Pavilhão do Conhecimento.
João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA, participou no painel ‘Da ciência à prática’ e defendeu que estamos a viver “todo um mundo novo, que há 20 anos não imaginávamos” na investigação e desenvolvimento de novos medicamentos. Para que as pessoas continuem a beneficiar da inovação, defendeu a possibilidade de “um pacto” que possa assegurar a sustentabilidade do sistema de saúde e a manutenção da aposta em fármacos inovadores. “O peso económico da saúde é hoje incomparavelmente maior do que há meia dúzia de anos e vai continuar a aumentar”, afirmou Almeida Lopes, “quer pelo envelhecimento da população, quer pelo aumento do número de pessoas no país”
Apostar na inovação é um processo “complexo”, disse ainda. Quer para as empresas, que desenvolvem “processos extremamente onerosos, que podem levar dezenas de anos e dão resultados por vezes altamente imponderáveis”, quer para a regulação, em “termos de decisão, de financiamento e de avaliação dos resultados”.
Também presente no painel, Rui Santos Ivo, o presidente do Infarmed, concordou: “são situações difíceis”, disse, “temos que introduzir todas as dimensões, que são várias e diferentes”. Um desafio que passa por uma “maior coordenação” entre as várias partes envolvidas, não só “numa lógica nacional, mas também a nível europeu”.
“Há condições para trabalhar nessa direcção”, para que a inovação chegue a quem dela precisa assegurou. A revisão do Sistema Nacional de Avaliação de Tecnologias de Saúde (SiNATS) e articulação de dados, “fundamentais para continuarmos a avaliar as tecnologias ao longo do tempo e darmos espaço para as novas que vão chegando poderem também ficar disponíveis”, são outros passos nesse caminho.