A ValorMed representa um compromisso da Indústria Farmacêutica com a valorização dos medicamentos fora de uso ou de prazo e das embalagens vazias, que teriam como destino o lixo doméstico ou até mesmo a dispersão no meio ambiente. Na entrevista de Janeiro da APIFARMA, o Director-Geral da ValorMed, Luís Figueiredo, aborda o trabalho desenvolvido até à data e menciona números e factos.
Luís Figueiredo indicou que atualmente a ValorMed recolhe perto de 1300 toneladas de medicamentos em fim de vida, um valor impactado pelos anos mais agudos da pandemia da COVID-19 “que fizeram baixar a quantidade de resíduos recolhidos”. A retoma foi “muito positiva”, adianta, mas não permitiu “voltar ao ascendente que vínhamos tendo dos anos anteriores”.
Face a esses números e, nomeadamente contando com o facto de as questões ambientais estarem “no topo das preocupações das pessoas”, o Director-Geral da ValorMed alerta para a necessidade de “atingir rapidamente os 20% de recolha em relação ao potencial de resíduos colocado no mercado”.
Apontando o valor ambiental que representa o trabalho desenvolvido desde 1999 pela ValorMed, Luís Figueiredo refere ser um projecto de união entre os vários intervenientes na cadeia do medicamento. “Por iniciativa da Indústria Farmacêutica, representada pela APIFARMA, foi congregado na mesma mesa todo o sector do medicamento também representado pela distribuição farmacêutica e pelas farmácias.”
O Director-Geral frisa a “preocupação muito grande para com as questões ambientais” da Indústria Farmacêutica e faz referência ao “apoio incondicional” desta iniciativa por parte das companhias farmacêuticas, distribuidores, farmácias e, mais recentemente, parafarmácias.
Nesta entrevista, o responsável lembra que a ValorMed foi pioneira em Portugal nesta área e é “até á data a única que tem uma licença para a gestão deste tipo de resíduos”. A nível europeu é igualmente pioneira na criação de sistemas integrados de âmbito nacional, como também acontece em Espanha, França e Hungria. “Existem outros países no espaço europeu que fazem a recolha e tratamento, mas que actuam a nível local e não nacional.”
O modelo de financiamento, em que estão reflectidos os princípios de responsabilidade do produtor, é referido por Luís Figueiredo, que também aborda a forma como funciona o circuito de recolha dos resíduos até ao destino final que é a incineração, com valorização energética.
Dos resíduos recolhidos, “cerca de 60% são enviados para incineração com valorização energética e cerca de 40% são enviados para reciclagem”, anuncia Luís Figueiredo. O Director-Geral admite que “há um longo caminho” a percorrer, na medida em que “estamos muito longe dos 80% que nos é exigido na licença. Se temos 40%, será duplicar o que nós recebemos e sobre o qual não temos controlo. Não podemos de facto obrigar os aderentes, neste caso os embaladores, a substituírem os materiais por outro que possam ser reciclados. Tem de ser um esforço conjunto, o que tem sido feito”.
Na recta final da entrevista, o responsável focalizou-se num projecto para recolha e gestão de resíduos cortoperfurantes, que está em avaliação desde Janeiro de 2022. “Estamos disponíveis para discutir o caderno de encargos apresentado e para corrigir o que for necessário para que rapidamente este projecto possa ter início. É uma questão ambiental, mas acima de tudo de saúde pública”.
Assista à entrevista completa: