A implementação da estratégia nacional para a saúde digital foi o tema da intervenção da vice-presidente da APIFARMA, Filipa Costa, no Seminário de Saúde da GS1 Portugal, que decorreu no dia 29 de Maio.
Fugindo à abordagem tradicional, Filipa Costa deu um exemplo concreto das possibilidades da digitalização na saúde para a vida das pessoas através da história fictícia de Manuel, doente oncológico.
Com a doença estável e controlada, Manuel sentiu-se mal longe de casa e dirigiu-se às urgências. Imediatamente a equipa médica acedeu “ao seu Registo Clínico Electrónico através de um único sistema central do SNS (coisa que não existe)”. Com seu número de utente, os médicos acederam aos seus dados de saúde, realizando apenas os exames imprescindíveis e comunicando com a sua médica oncologista através da “plataforma integrada de comunicação clínica do SNS”. As intervenções realizadas passaram, igualmente, a constar do Registo Clínico Electrónico, com “recomendações detalhadas automaticamente enviadas” para a oncologista e para o seu centro de saúde – onde o seguimento seria continuado.
Ao contrário deste caso fictício ainda não possível em Portugal, “Faro não comunica com Porto e público não comunica com privado”, lembrou Filipa Costa, o que significa a existência de “exames repetidos, atraso no tratamento, potencial desajuste no tratamento e um risco maior para a saúde”, num contexto em que “Portugal já tem dos mais elevados out of pockets da Europa”.
Como frisou a vice-presidente da APIFARMA, “a interoperabilidade dos dados clínicos, o acesso em tempo real e a comunicação segura entre profissionais de saúde não são luxo — são salva-vidas”, já que “permitem decisões clínicas mais rápidas e informadas, evitam redundâncias, reduzem custos e, acima de tudo, melhoram a qualidade de vida dos doentes” num actual cenário em que a “ineficiência dos sistemas de saúde, em geral, é superior a 20%”.