Aumentar os ensaios clínicos realizados no país “tem de ser um desígnio nacional”, defendeu Júlio Oliveira, o presidente do Instituto Português de Oncologia do Porto, na entrevista de Novembro da APIFARMA.
De momento, o IPO do Porto tem cerca de 300 doentes em ensaios clínicos, mas o presidente da instituição considera fundamental aumentar o número “para mais do dobro num horizonte temporal de dois anos”. Existem, porém, “grandes condicionantes para que isto possa ser uma realidade”, o que a instituição está a tentar ultrapassar “alertando o poder político para [a necessidade de aumentar o número de ensaios], mas também criando sinergias com a sociedade civil e outros actores que é importante serem envolvidos neste processo”. Júlio Oliveira está convicto que a tarefa “não pode depender só de uma instituição, tem de ser mesmo um desígnio nacional. Tem de existir uma política concertada nacional para que o país se torne realmente mais atractivo”.
O presidente do IPO afirma que “o grande desafio é conseguimos convencer as Finanças da importância estratégica da investigação clínica”. Para o conseguir “será necessário um trabalho conjunto e que se está a procurar fazer, de articulação de diferentes sectores, nomeadamente o sector da ciência e tecnologia, o sector da saúde, o sector da economia” de forma a provar que o investimento na área da investigação clínica “traz retorno para o país a múltiplos níveis: do ponto de vista financeiro, mas também a muitos outros níveis que são tão ou mais importantes que o financeiro”.
Júlio Oliveira referiu, nomeadamente, um estudo da APIFARMA que “demonstrava que por cada euro de investimento público que é efectuado na área da investigação clínica há um retorno líquido para o país de 2 €”, acrescentando que “estamos a falar em poupanças muito significativas no tratamento com medicamentos inovadores, antecipando o acesso por parte dos doentes à inovação, por vezes em anos“ o que “contribui de forma líquida para a sustentabilidade do próprio sistema de saúde“, mas também para outros componentes igualmente importantes “como, por exemplo, a retenção de profissionais altamente qualificados, tanto na área médica, na área de enfermagem, da farmácia, mas também de cientistas”
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